Capitulo Primeiro
Estava um dia maravilhoso, o sol radiante, eu me encontrava na varanda me
balançando para frente e para trás na cadeira de balanço e apreciando a linda
fazenda dos meus avôs queridos. Isso era incrível, afinal era a única coisa
prazerosa á fazer nesse lugar, fora isso não havia nada de bom á fazer, é nada
digamos do meu interesse. Já se passavam duas semanas que eu estava naquele
sufoco, não via a hora de voltar para casa, mas também queria ficar mais um
pouquinho. Nessa fazenda medíocre não tinha nenhum acesso á mídia, ao mundo lá
fora, nem televisão, nem computador, eu nem sei como esse povo sobrevivia sem
TV, , só tinha um radinho na casa que escutavam as noticias da região e musicas
sertanejas . Mas por mais que fosse chato e tenso eu estava aprendendo muita
coisa que na cidade grande eu não sabia fazer, a cozinhar e limpar galinheiro,
eca.Levantei da cadeira e desci lentamente a larga escada, por onde subiam e
desciam empregados. O sol estava muito quente e por isso queimava minha pele,
chega ardia, mas continuei o trajeto nem sei para onde, mas continuei. Parecia
que a temperatura do sol estava ficando cada vez mais forte, eu tentava fugir,
e me escondia em cada cantinho de sombra que encontrava. Avistei
uma montanha com belas gramas e me direcionei á ela aprecei os passos e quando
cheguei me joguei de baixo da arvore e fui pegando no sono aos
pouquinhos.Depois de um tempo fui abrindo os olhos lentamente e vi um rosto
masculino e belo na minha frente, uma coisa fora do normal, um homem perfeito,
olhos castanhos bem claros com músculos definidos e um olhar super sedutor.
Pensei que estava sonhando quando me deparei que não era sonho, me levantei
instantaneamente e comecei a gritar que nem louca. Ele tentava me acalmar
e cada vez que ele falava mais eu gritava, até que ele me pegou pelos os braços
e gritou: CAAAAALMA! E fui cessando o escândalo.-Me solta, você
esta me machucando. – tentava me livrar de suas mãos enormes.-Ta bom, eu te
solto, mas promete que não vai gritar? – falou olhando no fundo dos meus olhos
e foi me soltando lentamente, estava realmente confiando em mim e eu nele.-Quem
é você? E porque tava me olhando? – perguntei aumentando o tom a cada
palavra.-Calma, calma, eu sou Victor Hugo, prazer?! – estendeu sua mão – eu
moro na fazenda Carmen aquela depois da montanha. – falou apontando.-Ah, eu sou
Danieli, estou passando uns dias na casa de meus avôs, Gina e Francisco...
conhece?-Claro que sim, eles são meus padrinhos. Nunca te vi por aqui.-È, que
conhecidência não? È porque não gosto muito dessas bandas sabe, sou mais
agitada, gosto da cidade grande... –rimos.-Ah, sim entendo... Mas é a primeira
vez que você vem aqui NE? – perguntou curioso e dando um breve sorriso.-Não...
Já vim aqui umas vezes, quando era pequenas, mas fui embora no mesmo dia.-E o
que aconteceu para você vim passar as férias aqui, já que não gosta “dessas
bandas” –falou fazendo aspas com a mão.-È que na verdade são férias com castigo
sabe? Andei extrapolando por lá.-Hum, normal coisa de adolescente. –
riu-verdade, e você faz o que da vida? – perguntei curiosa.-Eu ajudo meu pai na
fazenda e adoro andar de cavalo– sorriu.-Que legal,hã... aqui tem algum
barzinho, baladinha para se dispersar um pouco?-Hãm? – expliquei – AH... tem,
aos fim de semana vem grupos sertanejos para a fazenda de meu pai e tem aquelas
coisas todas, churrasco, cerveja... E muitas coisas.-Churrasco? Cerveja? AFF.
Que coisa caipira.Riu sem entender minha intenção – È, é sim e tem vez que tem
forró a noite inteira.-AH sim, entendo.-E na cidade o que você gosta de
fazer?-Pois é, são muitas coisas, saiu bastante, gosto muito de beijar, sexo,
beber bastante. – reparei que em quanto falava seus olhos se
arregalavam.-Nossa, quanta coisa, não?-Verdade, se quiser eu te levo um dia numa
baladinha você vai amar.-Não, não, não combino para essas coisas.-Claro que
sim, todo mundo combina, todos gostam.-Mas eu não, sou mais sucegado, gosto de
campo, tranqüilidade sabe?-Uhum. Mas acho que também deveria conhecer outro
lado da vida, mais agitado. – sorri-Já tenho Minha agitação, cavalos, vacas,
bois e etc...-Comecei a rir loucamente. – Oh, imagino quanta agitação, limpar
bosta de cavalo, pegar leite de vaca isso não é para mim.-Que isso menina, é um
contato com a natureza, algo extraordinário, sensacional...-Oh, imagino! Mas
cada um com seu gosto NE. Bom vou-me indo que já ta na hora. – falei me
levantando.-Ok! Eu continuarei meu trajeto, vou ver se não tem mais loucas por
ai. – riu-HAHA engraçadinho. Tchau.-Quer uma carona? – perguntou subindo no seu
cabelo marrom bem cuidado.-Não, não Obrigada, vou a pé mesmo, boa viajem. –
pisquei e segui um caminho diferente do dele.Desci as montanhas suavemente e
com a cabeça de baixo daquela arvore ainda, com a mente presa ainda á poucos
momentos atrás. Pensando naquele moreno de olhos claros e sua voz suave, com
seu sorriso maldoso e ao mesmo tempo inocente. Cheguei na casa e fui para
meu quarto na pontinha dos pés, mas não adiantou nada, meu avô estava escondido
atrás de uma parede e me deu um susto tremendo.-Aonde você tava mocinha dos
cabelos dourados? – ele por mais sério que falasse sempre brincava.-è. Andando
por ai vô, não posso conhecer sua fazenda vôzinho? – falei com um tom angelical
e alisando seu rosto, tentando convencê-lo com meu tom inocente.-Ta bom então,
agora vai tomar seu banho e venha jantar. – disse e deu um beijo na minha
testa. – UFA! Falei logo que ele saiu. Entrei no quarto e bati a porta que fez
um estrondoso barulho, essa não foi minha intenção. Tirei aquela roupa
suada e peguei uma toalha no guarda-roupa, liguei o radinho que tinha no
meu quarto e não achava nenhuma radio boa, troquei, troquei e nada, desliguei
de raiva e fui para o banheiro. Terminei de me despir tirando as partes intimas
e entrei no banho, a aguá caia e cobria meu corpo por inteiro, passava o
sabonete lentamente e fechava os olhos deixando a água cair em meu rosto. Lavei
o cabelo, passando duas vezes o xampu e finalizando com o condicionador. Sai do
banho e me enrolei na toalha e coloquei outra no cabelo, passei os pés
rapidamente no tapete de baixo da porta e fui para o quarto, peguei um
shortinho jeans não muito justo e uma regata amarela, tirei a toalha da cabeça
e sacudi meus cabelos, parecendo aqueles cachorrinhos depois de um banho.
Passei um creme na pele e fui para a sala. A casa era de um andar só e
qualquer coisa ou barulhinho que fizesse dava para ouvir. Cheguei à cozinha e
vovó estava colocando a mesa, elogiou meu perfume , agradeci e ajudei-a
finalizando com o suco de pêssego.O Jantar foi tranqüilo, nada de escândalos,
afinal era raro ter escândalo aqui. Vovó tinha feito abobrinha recheada em
clubinhos, saladas verdes com tomates e nhoque, estava divino, uma delicia, mas
não passei dos limites. Acabamos de jantar e tiramos a mesa, no caso eu e minha
avó, meu avô foi para varanda como fazia todas as noites. Depois que nós
terminássemos de arrumar as coisas iríamos também. Uma das coisas legais aqui
era o lual que fazíamos todas as noites, só nós três e as vezes convidávamos
vizinhos, mas era raro, muito raro. Vovó terminou de arrumar a cozinha e eu fui
para meu quarto pegar o violão, vovó levaria a sobre-mesa surpresa, sempre
fazia esse truque pelo menos desde o dia que cheguei aqui. Apreciamos o manjá
de vovô e ficamos a noite toda cantando e tocando musicas. Por eu ter crescido
no meio de gente caipira, eu sempre escutava aquelas musicas chatas e acabava
me apegando, papai me poluía com essas musicas que mesmo que eu não quisesse
cantar sempre eu lembrava de uma. Essa noite cantamos duas de Zezé de Camargo e
Luciano e 2 de Oswaldo Montenegro. Por mais que fossem musicas antigas, eu
gostava, batia uma nostalgia em tanto, me lembrava a minha infância e nos
tempos que ia para antiga fazenda desses avós e quando iam em casa e
praticávamos lual na sacada do prédio.-Danieli, lembra daquela de quando você
era pequenina. – puxou no violão e me lembrei.-Sim, sim a intuição, do Oswaldo.
– falei eufórica e comecei a cantar – “canto uma canção bonita, falando da vida
em re maior”.-“Canto uma canção daquela de filosofia, do mundo bem melhor”–
vovó continuou e de repente estávamos todos cantando junto, bem alto. Riamos,
brincávamos, foi um momento único e significativo para minha vida, como todos
os outros que passava a noite cantando com minha família, com a casa cheia e
todos rindo e brincando, que saudade.
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